Costurar um sonho

As máquinas estavam prontas. Cada uma sobre uma mesa revestida de capulanas cheias de cores e padrões convidativos. Aguardavam enquanto as senhoras chegavam de mansinho com um sorriso de “boa tarde”, desejosas por ocupar um lugar na sala improvisada para a costura.

Com uma mistura de vergonha e de medo e com a professora Eunice ao leme, os motores começaram a trabalhar. Ora a direito, ora a ziguezaguear.

A arteGENTES iniciou o projeto com 8 máquinas de costura, mas com 10 participantes entusiasmadas para costurar um sonho, o sonho de criar, aprender e partilhar.

Prontos para o que aí vem?

Mudam-se os tempos

No passado encurtámos as distâncias geográficas. De Moçambique para Lisboa. Do Guiúa para Lisboa.

Construímos pontes de travessia entre os costureiros moçambicanos e o público português. Trabalhámos juntos. Nós, os costureiros do Guiúa, o Instituto Missionário da Consolata em Moçambique e todos aqueles que contribuíram para um comércio sustentável. Entre o lá e o cá ficou tudo mais fácil. Lá os costureiros dedicaram-se a este ofício. Por cá aquecemo-nos com as cores e os padrões dos produtos de lá.

No presente tudo mudou. Uma pandemia inesperada fez mudar os rumos. Obrigou-nos a parar. Fez-nos repensar. Refazer. Recomeçar. Do Guiúa para o Bairro do Zambujal. Mesmo aqui ao lado. Distâncias mais curtas e pontes mais fortes.

O futuro permite-nos sonhar e criar em conjunto. Nós. A COMUZA. A Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata. O CAZAmbujal. O Prémio BPI Solidário.

A arteGENTES caminha lado a lado de quem desejar crescer connosco e até onde nos for permitido.

Oxalá esse caminho não tenha fim.