Venha quem vier por bem

É verdade que a arteGENTES acontece no Bairro do Zambujal. Inicialmente seria um projeto destinado a mulheres. Jovens mulheres desempregadas com as idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos. Havia muitas quando sonhámos o projeto para o bairro durante o confinamento obrigatório. Depois desta imposição muitas imigraram para fora do país em busca de melhores condições de vida. Outras encontram-se empregadas durante o fim-de-semana, enquanto estudam de segunda a sexta.

Sim, a arteGENTES acontece no Bairro do Zambujal. Não são só mulheres. Temos também um homem. Costura connosco porque gosta. Não quer ficar parado em casa. Não se contenta com a televisão da sala enquanto o tempo avança. 

A arteGENTES acontece no nosso bairro com um homem e muitas mulheres. Mulheres jovens, acima dos 30 anos. Nada as impede de ir costurar. Aparecem. Sentam-se. Costuram. Conversam. Partilham. Ensinam. Orgulham-se. 

Tem sido fantástico.

Os primeiros resultados

Por aqui andam a preparar maravilhas. As máquinas estão imparáveis.

Estão constantemente a chamar a professora. Qual é o ponto? Onde costuramos? Posso escolher uma capulana? Porque é que a máquina parou? Não consigo pôr a linha na agulha… Enganei-me a costurar…

São muitas as dúvidas e as inseguranças, mas as máquinas não param e quando damos por isso – puf – terminaram de costurar um saco! Depois do primeiro veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto…

Hoje foi dia de festa. Fizeram sacos de pano. Do princípio ao fim. Sozinhos.

As máscaras escondiam os sorrisos, mas o brilho dos olhos iluminaram a sala.

Sábados à tarde

O ritmo começa quando abrimos as portas do CCV. De longe já se vêm as ancas a balançar ao som de conversas banais. Passo a passo vão chegando.

Dá vontade de dançar ao ouvir o entusiasmo nas suas vozes. 

Querem conhecer. 

Querem saber. 

Querem fazer.

A música avança com os motores das máquinas a trabalhar.

E quando começam as horas param.

A dúvida e a ousadia

No bairro não sabiam o que era a arteGENTES. Nunca tinham ouvido falar.

Circulava pelas ruas que algo iria mudar, mas não percebiam o quê. O zumbido da novidade não deixou os moradores indiferentes.

Os mais ousados apareceram. Estes conseguiram um lugar. Uma máquina para costurar. Os outros esperaram pela confirmação. 

Há máquinas de costura. Há professora para ensinar. Há voluntários para ajudar. Há entusiasmo no ar.

Ainda agora começamos e já temos pessoas em lista de espera para as aulas de costura. Não esperávamos tanta adesão.